sábado, 30 de abril de 2011

Uma carta para matar a saudade

Oi amigos,


É engraçado, mas escrever para mim virou quase uma terapia. Não sei explicar bem o porquê, mas sinto que quando escrevo coloco muitas das coisas que estão passando na minha cabeça e no meu coração, e assim consigo aliviar um pouco o peso do dia a dia. Freqüentemente escrevo coisas que não compartilho nem com as pessoas mais próximas. Acho que faço isso para não preocupá-las.



Tenho sentido esses dias muita falta de conversar com a Luciana. Éramos sempre muito confidentes. Qualquer coisa que acontecia comigo, ela era sempre a primeira a saber e vice-versa. Das coisas mais bobas até as mais importantes, passando pelos problemas, vitórias e frustrações, tudo era motivo para conversarmos. Assim, gostaria de deixar aqui uma cartinha com algumas coisas que eu gostaria de compartilhar com ela.

“Oi meu amor,
Não consigo esconder ou disfarçar a saudade que tenho e sinto de você. Nesse último dia 27 lembramos que já faz 10 meses que você partiu e é difícil não repetir o clichê de como o tempo passa rápido. Ainda são muitas lembranças daqueles últimos dias, mas sinto que tenho conseguido conviver melhor com tudo isso.



Amor, finalmente estou fazendo aquela viagem para Guarapuava..aquela viagem que tanto ensaiamos, que tanto planejamos. Como você mesmo falava, existem viagens que fazemos só para ficar com os amigos, e essa era uma delas. Estar aqui sem você é muito difícil, mas sinto que você falaria, como sempre, para eu aproveitar e me divertir, na medida do possível. E é isso que estou fazendo.



É difícil não pensar em você quando eu olho um lugar vazio na mesa ou então não pensar no que você falaria sobre gravidez para eles. É incrível pensar em como você está tão presente em todos os momentos e eu confesso que não sei o que pensar disso. Simplesmente procuro pensar que isso faz parte do processo do luto. Sempre cuidamos um do outro, e de uma forma ou de outra sei que onde quer que estejamos estaremos sempre cuidando um do outro, apesar da distancia.



Estar aqui me faz lembrar muito em como éramos. Você sempre falou das afinidades e semelhanças que tínhamos com o Egon e com a Pati. O gosto por viajar e por bons restaurantes, o tempo de namoro, os valores e principalmente a fé em Cristo eram alguns dos pontos em que a gente sempre combinou. Vê-los é muitas vezes lembrar das coisas especiais do nosso casamento...daquelas coisas que sempre dizíamos que eram um presente de Deus para nós e que faziam da nossa união algo único.



Sabe meu anjo, tenho tido alguns receios para esse mês de Maio. Pensar em como será o dia das mães e a data do seu aniversário sem você é algo que me dá um frio na barriga. Tenho conversado com a direção da escola do Pedro e com a psicóloga sobre como tratar o assunto com o fanfarrão, caso isso seja necessário. Mas sabe meu amor, sinto tanto que Deus está cuidando dos nossos pequenos que sei que Ele sempre guardará o coraçãozinho deles de tudo o que for a respeito disso. Sempre falo para eles que você os ama muito, que sempre os amará e que estará sempre olhando por eles.



Amor, sinto muito a sua falta. Sinto falta de tudo o que diz respeito a você, mas também sinto que Deus teve planos diferentes para a gente. Muito difícil entender porque tudo isso aconteceu, muito difícil até mesmo aceitar... mas nada como um dia após o outro para ver o que Ele tem reservado para nós.



Meu grande amor...fique com Deus. Que Ele te proteja e te guarde sempre.


Deus ainda é Deus e Deus ainda é bom. A Deus toda a glória



Beijos com amor.”

Meus amigos, fique com Deus e que Ele esteja sempre a guiar e proteger todos os seus caminhos.



Um grande abraço,



Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

sábado, 23 de abril de 2011

Meu sábado de páscoa

Oi amigos,

Para o post de hoje eu trouxe uma expressão que uma vez li em um estudo bíblico e que tenho me identificado muito, principalmente desde que me tornei viúvo. Nesse estudo, o autor falava da importância de se viver o sábado de páscoa. Como amanhã celebramos a páscoa, achei pertinente falar sobre isso.


Para mim o feriado da páscoa é a principal data cristã pois é nessa data que lembramos do sacrifício feito pelo filho de Deus. É na sexta que lembramos de todo o sofrimento e entrega de Jesus por nós, pois mesmo sendo condenado injustamente Ele aceitou a sua missão e deu a vida para que pudéssemos ser salvos e assim termos acesso à vida eterna. No domingo nós celebramos a páscoa, o renascimento, pois foi no domingo de páscoa que Jesus ressuscitou, vencendo assim a morte. Então se na sexta temos o sofrimento do nosso salvador, no domingo temos a vitória com a ressurreição. Até aí tudo bem...mas o que será que aconteceu no sábado?



No estudo que eu mencionei, o autor fala de como será que os discípulos reagiram após a morte de Cristo. De como eles podem ter ficado com medo, de como alguns podem ter se desesperado ou mesmo perdido a fé, afinal de contas o que existia era apenas uma promessa que ao terceiro dia Cristo ressuscitaria, mas como a bíblia mesmo comenta, alguns só vieram a entender isso depois que Cristo havia ressuscitado.



Sem querer transformar esse post em um estudo bíblico, porque então eu me identifico com essa expressão? Porque de uma forma ou de outra, acho que eu (e muitos de nós) vivemos no nosso “sábado de páscoa”. Estamos em algum ponto, em algum lugar entre um acontecimento trágico (no meu caso a morte do meu grande amor) e o dia em que esse sofrimento cessará. Enquanto isso a gente vive as nossas dificuldades, o nosso desespero e superação (ou a tentativa) de cada desafio que a vida nos oferta.



Hoje foi um daqueles dias bem difíceis, recheados de momentos de lembrança e tristeza. Engraçado que tem dias que eu já sinto que serão assim desde a hora em que eu acordo. Não sei dizer se são dias ruins...até acho que não são. Só sei dizer que são dias difíceis. Hoje eu acordei com aquele “instinto de família”. Acordei pensando nas coisas que precisam ser feitas aqui em casa. Fiz mil planos para o dia, desde passeio no parque da cidade a almoço na casa dos avós da Luciana. Mas na hora em que eu cheguei na cozinha eu já sabia que tudo isso seria um pouco pesado, pois eu sentia no peito a dor da saudade. A lembrança dela apareceu quase que instantaneamente, pois a gente sempre conversava o que ia fazer no dia. Eu preparava o nosso café da manhã e ela dizia que o meu sanduíche era sempre mais gostoso, por isso ela esperava eu fazer o dela. Ela gostava do pão de sal que tinha “bico” e eu de uma forma automática já o deixava sempre separado. Por mais que eu fizesse as coisas para ela, isso nunca foi pesado porque ela sempre estava do meu lado. O que eu quero dizer com isso? A nossa relação nunca foi pesada, pois sempre caminhávamos animando e valorizando um ao outro. Então hoje procurei pensar em fazer um dia não só com ela...mas para ela...do jeito que ela gostaria que eu fizesse para a nossa família.



Porém hoje nada foi tão difícil quanto arrumar alguns papéis antigos. Ao longo do tempo a gente acumulou uma quantidade enorme de papéis, livros e documentos e muitos desses estavam encaixotados. Eles ficam em um cantinho do escritório e eu nunca tomei coragem de abrir e separar o que precisava ser jogado fora ou o que merecia ser guardado. Muita coisa era puro lixo mesmo. Contas antigas, papéis que a gente nem sabe porque um dia guardou. Volta e meia apareciam algumas fotos antigas, alguns exames de gravidez ou algumas agendas onde anotávamos o que tínhamos que fazer. Mas uma das caixas foi diferente. Não sei bem porque, mas uma das caixas continha um pequeno tesouro da nossa história. Lá eu vi quase todas as cartas que trocávamos. Vi também alguns bilhetinhos que a gente trocava durante as aulas e também a nossa foto no aeroporto, no dia que ela viajou para fazer intercambio nos EUA (isso foi no final de 1994). Vi as cartas que várias amigas escreviam falando do quanto ela era especial e do quanto elas se orgulhavam em tê-la como amiga. Vi até uma cartinha da Luana confidenciando várias coisas para a Luciana (até liguei para a Luana e falei que só li a carta porque a mesma de 1998!). Depois de várias lembranças eu tive que fechar a caixa e decidi continuar em outro dia. Ali, sentado no meu escritório e com os olhos cheios d’água eu me vi novamente acompanhado apenas de lembrança e solidão.



Ler tudo aquilo foi muito intenso para mim. Tínhamos tanta cumplicidade que quase nada ali era novidade, porém esse mergulho nas lembranças me fez reviver aqueles pensamentos de “não pode ser verdade que ela se foi!” ou então de querer pegar o telefone, ligar e escutar a voz doce e suave dela falar: “Oi amore!”. Tem horas que até eu mesmo me surpreendo com a intimidade e cumplicidade que conseguimos construir ao longo de todos esses anos.



Assim, eu me vejo no meu sábado de páscoa, porque apesar de toda essa tristeza, sinto que Deus colocado também em meu coração um sentimento de esperança, um sentimento que Ele continua cuidando de mim, da Luciana e da nossa família e que um dia esse sofrimento todo cessará.



Uma Feliz Páscoa meus amigos e que o nosso senhor Jesus possa sempre habitar no coração de todos vocês!



Um grande abraço,


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Existe hora certa?


Pedro e Helena brincando no parquinho perto de casa!




Oi amigos,


Esses dias vi em um blog uma discussão que volta e meia me perguntam. Não sei se isso se aplica exatamente a mim, no momento que estou passando, mas é algo que eu imagino que um dia vai chegar. Por vários fatores talvez um dia chegue. A pergunta feita lá no blog das meninas (http://3xtrinta.blogspot.com/2011/04/conte-seu-dilema-qual-e-hora-certa-de.html) é a partir de quando uma pessoa viúva pode começar a namorar e paquerar. Assim, eu resolvi compartilhar aqui um pouco o que eu penso sobre isso.


Pode até parecer um clichê, mas realmente acho que não existe um tempo certo. Acho que não existe tempo certo para o luto, nem tempo certo para paquerar nem muito menos para voltar a amar alguém. Conheço pessoas que estão há vários anos sem ao menos ter namorado alguém, sei de uma outra que com 4 meses já estava namorando, ao passo que outras começaram a namorar e viram que ainda não estavam prontas.


Uma vez ouvi que o coração é uma porta com a maçaneta virada para o lado de dentro. Tem horas que a gente quer deixar a porta fechada...mantê-la assim parece ser mais seguro, mais perto da nossa zona de conforto. E qual é a hora de abrir a porta? Essa sempre será uma boa pergunta a ser feita...


Eu gosto muito de metáforas. Tem horas que acho que elas explicam em uma frase o que eu não conseguiria explicar com um texto todo. E para isso eu penso que o nosso corpo é sábio. Sabe quando você está doente, com uma infecção intestinal por exemplo, e alguém vem e te oferece um x-tudo? O corpo sabe que aquilo não fará bem a você...que ainda não é chegada a hora de você comer aquilo. Acho que o coração é sábio também...chega uma hora que você pensa em estar com outra pessoa e aquilo simplesmente não cabe, não dá! Mas, no mundo das hipóteses, pode ser que um dia a gente se faça essa pergunta e talvez as nossas reações sejam diferentes...que voce pense em estar com alguém e um sorriso apareça nos lábios...


Falando um pouquinho agora sobre as crianças, o Pedro e Helena estão super bem. A nossa princesa está andando por todo o lado agora! Ela já responde a algumas perguntinhas balançando a cabeça fazendo SIM ou NÃO, manda beijinhos, dá “tchau”...enfim, tá encantando todo mundo!


O Pedro está melhorando na questão de ir para a escola. Esses dias ele tem chorado bem menos e toda vez que chego na escola para pegá-lo ele está super animado, falando que adorou brincar com os amiguinhos e dizendo para a professora que não precisa chorar, porque no outro dia ele voltará para a escola. Como ele mesmo fala, “eu vou mas volto!”


Um grande abraço meus amigos e desejo de coração um ótimo fim de semana. Fiquem com Deus.


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

sábado, 9 de abril de 2011

Notícias do Pedro!

Pedro estava tentando entender o que o moço da janelinha estava falando.



Oi amigos,


O post de hoje é um pouco diferente dos outros que geralmente escrevo. A idéia é compartilhar algumas coisas da vida do Pedrinho, o que ele tem feito e as idas dele à escola.


No último post eu havia comentado que ele anda chorando para ir à escola e que isso estava nos preocupando. Aqui no blog eu não entro em muitos detalhes, mas como surgiram várias sugestões e também algumas dúvidas, resolvi explicar um pouco mais a situação.


Não posso dizer que sou um pai super experiente, mas penso que cada criança tem uma história própria e por isso mesmo é muito difícil comparar o que os nossos filhos fazem. Vejo casos em que duas crianças, na mesma casa e com a mesma criação, apresentam comportamentos totalmente diferentes. O Pedro entrou na escola ano passado, e durante todo o ano de 2010 ele foi bem tranqüilo para as aulas. Mesmo na tão temida semana de adaptação, ele surpreendeu a todos e praticamente não chorou.


O que sempre me preocupou para esse ano era a quantidade de mudanças que aconteceram na vidinha dele. Os principais exemplos são a ausência da Luciana, a saída da babá que estava conosco desde que ele nasceu, a mudança de apartamento, a minha mudança de turno de trabalho e a saída dele do turno da manhã para o turno da tarde...ufa! Se eu sendo adulto sinto todas essas alterações, eu imagino como ele não se sente!


Todo mundo da escola sempre foi sensível ao caso do Pedro. A escolha da escola sempre foi um passo importante para nós, porque o Pedrinho começou na escola durante o período de tratamento. O fato da mesma ser bilíngüe nunca foi o principal para nós..o que sempre nos preocupou era que ele se sentisse seguro e feliz na escola. Existiram outros motivos de ordem pessoal e familiar que nos levaram a colocá-lo lá. Nesse início de ano, eu como de costume, me reuni com a coordenação e com as professoras para explicar o caso do Pedro e o contexto dos últimos acontecimentos.


O que andei pensando nesse dias é que talvez tenha faltado um pouco mais da minha presença junto dele no momento de ir para a escola. E aqui falo não só da disciplina, mas principalmente do amor e segurança que ele sente em mim. Não sou dono da verdade, mas resolvi ficar mais perto dele nesses dois últimos dia. Na quinta ele ainda chorou, porém hoje já foi um dia mais tranqüilo. Durante o trajeto eu fui fazendo carinho nele, simplesmente segurando de vez em quando a sua mãozinha. Foi um alivio vê-lo chegando sem chorar e correndo todo animado para dentro da sala de aula. Agora é acompanhar para ver se ele continua melhorando.


Bem, uma outra coisa que queria compartilhar foi uma “pérola” que ele soltou esses dias! Estava assistindo TV com o Pedro e enquanto passava pelos canais de televisão eu caí na TV Câmara e o ACM Neto estava fazendo um discurso que me chamou a atenção. A tela era semelhante à foto que coloquei acima, com o ACM Neto e o moço que faz a tradução para linguagem de sinais. Vou tentar reproduzir aqui o diálogo com o fanfarrão:




Eu: Filho, olha como o moço tá falando bravo!


Pedro: Papai, eu não quero ver esse desenho!


Eu: Filho, espera um pouquinho porque o papai quer só ver uma coisa.


O tempo passa e percebo o Pedro prestando muita atenção. Logo depois ele levanta, chega perto da TV e aponta para o rapaz da linguagem de sinais:




Pedro: Papai?


Eu: Oi filho.


Pedro: Porque esse moço fala tão baixo???


Rrsrsrs...eu não me agüentei e tive que agarrá-lo ali mesmo! Depois eu expliquei para ele o que “aquela moço” estava fazendo.


Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus!!! Tenham um ótimo fim de semana e mais uma vez obrigado pelo carinho de sempre!


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Detalhes que fazem a diferença

Oi amigos,



Dizem que vida é feita de detalhes e que são esses detalhes que fazem toda a diferença. Na minha vida, principalmente depois que a Luciana faleceu, um somatório enorme de detalhes hoje fazem a diferença na forma como encaro as coisas ao meu redor, seja com a minha família, seja com os meus amigos ou mesmo no meu trabalho.

Nem sempre tem sido fácil acompanhar a forma como as coisas mudaram. Mudar nem sempre é fácil, ainda mais quando as mudanças são feitas sem o seu consentimento, totalmente contra a sua vontade. Se hoje eu repito o versículo bíblico que “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus” é por confiar que Deus é bom e que Ele é e sempre será Deus, o meu pai. Aos meus olhos humanos, não consigo enxergar em que ponto hoje a minha vida é melhor que antes.Na minha contabilidade de perdas e ganhos, o que sinto que perdi é muito maior do que o que ganhei, porém continuo confiante que tudo aconteceu debaixo da soberania de Deus, onde Ele não abandona nenhum de seus filhos.

As crianças continuam crescendo e se desenvolvendo muito bem. Na segunda tivemos a consulta da Helena e o pediatra foi só elogios à nossa pequena princesa. Ela tem ganhado peso e crescido acima da média, chegando agora bem perto de uma criança que nasceu a termo. Toda a parte neurológica, motora e cognitiva estão ótimas e agora ela já caminha para o seu oitavo dentinho. Como eu já havia comentado, ela está andando por todo lugar, se achando uma verdadeira andarilha! No último fim de semana eu fui ao shopping comprar uma nova sandalinha para ela e fiquei realizado por poder acompanhar esse desenvolvimento que ela está tendo. A cada dia que passa ela se parece mais com a Luciana. A forma de sorrir, a sua boca e o jeito que ela me olha muitas vezes me remetem a vários momentos meus com a Luciana. É lindo ver um pedacinho dela nas crianças.

O Pedro está cada dia mais “sapequinha”. Todo dia ele aparece com uma nova “pérola”! Nos últimos tempos temos tido alguma dificuldade em fazê-lo ir para a escola. Quase todo dia é sempre uma dificuldade...ele começa a chorar e diz que quer ficar em casa. A escola que ele estuda é bilíngue (português-inglês) e a Tia Márcia sempre fala que a escola é legal, que lá ele vai aprender a falar inglês para conversar com os super heróis lá na Disney. Porém esses dias a gente presenciou um desabafo do fanfarrão. Enquanto ele se arrumava, já meio choroso ele falou (vou tentar escrever do jeito que ele fala):” Eu não quelo falar inguês e nem quelo falar com os super helois na Disney!”. Isso quando em plena terça feira ele chega para mim e fala: Papai, hoje é domingo e eu não preciso ir para a escola! O que nos deixa um pouco mais tranquilos é saber que, mesmo com essa dificuldade, assim que ele chega na escola ele fica bem, brincando com os coleguinhas e sendo simpático com todo mundo. Quando eu chego no fim da tarde para pegá-lo ele fala: Papai, hoje eu nem “cholei”! Depois ele sempre me dá um beijo e um abraço bem gostoso!

Em relação a mim, sempre que me perguntam eu falo que estou bem. Não posso dizer que estou ótimo, mas se eu falar também que estou triste eu estaria mentindo. Eu tenho momentos de tristeza mas também tenho vários momentos de alegria. Tenho aprendido muitas coisas, muitas vezes a duras penas, em várias áreas, mas talvez a que eu mais tenha dificuldade seja nos relacionamentos interpessoais. Como me comportar da melhor forma, como agir do jeito certo e na hora certa e principalmente como dizer não a várias situações são alguns dos meus desafios. Tenho começado inclusive a trabalhar alguns pontos com a minha psicóloga, pois vejo que o fato de eu ter ficado 17 anos da minha vida com a Luciana me protegeu de várias coisas. Tínhamos um relacionamento maravilhoso, onde um cuidava do outro e onde não precisávamos ter nenhum tipo de malícia. Tudo era leve, tudo era gostoso e tranquilo. Viver fora dessa realidade é uma grande mudança para mim.

Ontem aconteceu uma coisa aqui no trabalho que me fez pensar muito nisso. Tenho gostado muito do trabalho aqui do tribunal e o que mais tem me chamado atenção é a equipe com quem eu trabalho. São pessoas muito simpáticas e sempre solícitas. Ontem eu estava trabalhando e escutei um dos amigos aqui ligar para a esposa e dizer simplesmente que ligou porque estava com saudade de ouvir a voz dela. Como ele mesmo comentou uma vez comigo, ele tem 25 anos de um casamento tranquilo. Escutar ele falar aquilo foi disparar um flashback na minha cabeça. Essa era a minha rotina com a Luciana. Ligar, escutar a voz dela, falar que ela era linda e perguntar várias vezes ao longo do dia: “Eu já te falei que te amo?”. Tudo isso fazia parte desse conjunto de detalhes que comentei no início do post e que agora não tenho mais. Resta agora pedir e confiar em Deus que me prepare e me capacite sempre para o que virá.

Um grande abraço meus amigos e fiquem Deus! Que Deus os abençoe sempre!



Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena