terça-feira, 27 de setembro de 2011

As estações

Oi amigos,

Bem, como todos devem saber a gente mora em Brasília e por aqui nos últimos tempos tem feito um calor muito grande, acompanhado da secura que já é comum nessa época. Com isso vêm todos aqueles problemas comuns da secura. As crianças tem uma tendência a pegar mais viroses, a respiração fica mais difícil, os jornais todo dia falam de algum foco de queimada, é um tal de todo mundo usar umidificador e em alguns momentos as escolas recomendam que as crianças fiquem em casa, pois a umidade voltou a chegar perto dos 10%.

Como tudo na vida é temporário, chega um dia em que as chuvas voltam a cair. Aqui em Brasília foi no último domingo. Parecia final da copa do mundo. As pessoas ficavam na janela admiradas, carros buzinando nas ruas e a oportunidade de sentir aquele cheiro de grama molhada de novo. Mas, como todo ano em que as chuvas voltam a cair, acontece no outro dia aquela sequência de batidas. Ontem mesmo eu vi três. Além das batidas, acontecem também alguns apagões de energia e até frio fez ontem! Nas ruas você via algumas pessoas de casaco e outras desprevenidas (como eu) tentando se esquentar. Passei por alguns termômetros que chegavam a marcar 16 graus e assim o brasiliense começa a se acostumar com a chegada das chuvas.

Beleza, mas porque eu agora estou falando da vida do brasiliense e dos problemas da chegada das chuvas? Estou falando porque hoje de manhã, antes de vir trabalhar, eu saí para fazer uma dos meus passeios favoritos que é tomar um cafezinho. Lá na padaria eu ficava olhando as pessoas se protegendo do vento frio (e eu de novo desprotegido) e lembrei de um texto que uma vez eu li. O texto falava da sabedoria da natureza e das estações do ano. Não vou lembrar exatamente de tudo, mas o que o autor reforçava era que a natureza procurava viver em harmonia com ela mesma. Existe uma época certa para cada coisa, uma estação apropriada para cada fase da nossa vida. Segundo o autor, seria sábio então procurarmos identificar os sinais que indicam em que estação estamos vivendo e tentar viver de acordo com ela. Não que isso signifique um conformismo ou comodismo, mas às vezes vivemos presos a um determinado tipo de comportamento que não condiz com o que se passa à nossa volta. Como está escrito lá no livro de Eclesiastes 3: 1 - 8

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:

há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;

tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;

tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;

tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;

tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;

tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;

tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.

Hoje é dia 27 de Setembro e faz exatamente 1 ano e 3 meses que a Luciana partiu. Tem horas que ainda não acredito. Tem horas que parece que ela vai chegar a qualquer hora. Tem horas que acho que ela está lá no hospital e eu só saí para comprar alguns remédios e comidinhas que ela gostava. Por mais que até hoje seja muito dolorido encarar essa realidade, não tenho como negar que ela partiu. Não posso negar que o nosso bom Deus permitiu que ela partisse. Lembro do seu semblante tranquilo momentos antes. Lembro ainda dos últimos olhares, onde nada precisava ser verbalizado, mas tudo era dito. Dito e ouvido não por boca e ouvidos, mas sim por alma e coração. Lembro da dor que senti no peito quando ela partiu, da dor que rasgava o meu coração e parecia não mais ter fim, mas lembro também do alívio quando pensei que ela não estava sofrendo mais, que agora o seu espirito não estaria mais preso a um corpo que há muito havia sendo maltratado e tomado por um tipo de câncer extremamente agressivo.

Isso tudo passou. Ainda dói e ainda sinto saudades, mas tudo isso passou. Hoje as crianças brincam pela casa e fazem charme quando saio para trabalhar. Helena gruda na minha calça e pede colo, nitidamente não querendo que eu saia. Pedro fala que eu já trabalhei ontem e não preciso então trabalhar hoje (como eu queria que ele tivesse razão...rsrs). Explico que o papai precisa trabalhar mas que logo logo eu estou de volta. Ele já entende melhor isso e vejo que a Helena começa aos poucos, e contra a vontade dela, entender que eu saio mas que eu volto. Gostaria muito de poder fazer isso junto com a Luciana, de leva-la para o trabalho e ao fim do dia poder voltar para casa com ela, dando todo o nosso amor para os nossos queridos filhos. Porém não posso e não consigo mudar os fatos. Procuro então dar o melhor de mim para eles, pois eles não merecem nada menos do que isso. Era assim que eu era quando namorava com a Luciana, era assim quando casamos e era assim quando tivemos os nossos filhos. Minha família merece o melhor de mim. Se houvesse uma estação do ano que simbolizasse isso, seria uma que indicasse que hoje sou um pai que tem duas crianças lindas e que precisam de mim. E o sol hoje brilha lá em casa. Aliás, tenho dois Sóis....um que se chama Pedro e outro que se chama Helena.

Mas em que estação eu estou? Caramba, tem horas que acho que preciso encontrar essa resposta! Mas poxa vida...eu me acho tão lento para perceber algumas coisas. Acho até que agora eu estou pior. Algumas pessoas me ligam pedindo orientação sobre tratamentos de câncer e fico feliz em ajudar. Uma amiga toma a iniciativa de imprimir vários posts e me liga pedindo autorização para passar esse material para pacientes que estão com câncer, pois acredita que pode ajudar outras pessoas. Será que existe algo a mais que posso fazer? Tenho pensado nisso ultimamente. E o meu coração, como ele está? Ta aí uma boa pergunta! Ainda estou nessa transição de casado para viúvo...e talvez hoje eu não seja nem uma coisa nem outra! Constantemente me atrapalho e talvez eu não saiba lidar com os meus sentimentos. Eu até confesso que gostaria de ter mais certezas que dúvidas, de estar mais inteiro e não pela metade. Eu até sinto que caminho para isso. Olho e vejo que já tirei a aliança. Sinto que me permito coisas que há um tempo atrás não cabiam. Sinto que o meu coração também se permite coisa que há um tempo atrás também não cabiam. Ainda é tudo muito novo e ainda dói muita vezes. Mas acho que estou andando para frente. Um dia eu vou olhar e perceber que entendi em que estação eu estou. Uma dia vou ver que está frio e estou de casaco J

Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus. Desculpa a demora em escrever esse post, porém nem sempre os pensamentos vinham de uma forma linear.

Um abraço,

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Seja bem vindo Daniel!


Oi amigos, tudo bem?

Nos últimos tempos eu fiquei um tempinho afastado daqui do blog em virtude das crianças estarem meio doentinhas, mas agora graças a Deus elas estão bem. Eu nunca tinha passado pela experiência de ter os dois doentes ao mesmo tempo, então além da correria de cuidar dos dois eu acabei ficando também um pouco mais preocupado que o usual. Só recapitulando...primeiro o Pedro teve uma virose com diarreia e vômito. Depois a Helena começou com os mesmos sintomas. Em seguida o Pedro começou com febre bem alta, enquanto a Helena estava estável. Assim que o Pedro começou a melhorar, a Helena começou com uma febre bem alta, fruto de uma virose e de uma infecção de garganta. Após alguns dias de antibiótico e antitérmico, os dois ficaram bem, graças a Deus.


Semana passada eu e a Luciana completaríamos 6 anos de casados e eu não queria passar essa data em Brasília. Aproveitando um antigo desejo meu, resolvi fazer uma viagem com as crianças aproveitando o feriado de 07 de Setembro. Convidei os meus pais e fomos todos para um resort no litoral da Bahia. Para mim também seria uma oportunidade de estar mais tempo com as crianças, após essa fase um pouco mais turbulenta. A Helena chegou a viajar com febre mas logo o antibiótico começou a fazer efeito e ela melhorou lá mesmo no hotel.


Passar um tempo com as crianças foi renovador para mim. Claro que acabei ficando super cansado, pois mesmo com gente para ajudar eu acabo fazendo quase tudo com eles. O bonitinho foi ver a interação entre os dois e o quanto eles estão ficando espertos. Eu fico vendo-os brincando juntos (e brigando também..rsrsr) e fico feliz de ver esse entrosamento e esse amor crescendo. Muitas vezes eu tenho que intervir pois volta e meia a Helena fica irritada e quer bater no Pedro. E não pense que ela desiste fácil não!!! Ela levanta a mão e vai com tudo para cima dele. Isso quando ela não quer morder!


Durante o dia 10 eu procurei ficar um pouco mais sozinho, refletindo um pouco. Incrível notar tudo que aconteceu em pouco mais de um ano, em todas as reviravoltas que o coração pode dar. De qualquer forma, ao lembrar daquele dia 10/09/2005, foi como se uma brisa calma invadisse o meu coração. As flores que eu mandei para ela ainda no salão, os preparativos dela se arrumando enquanto eu e alguns amigos estávamos no hotel. Lembrei da ligação dela por volta das 17 hs dizendo que já estava pronta e queria saber como eu estava, o que eu estava fazendo. É engraçado porque essa era uma data que era muito significativa para a gente. Só a gente sabia a emoção de ter todos comemorando conosco, do frio na barriga da hora do sim e do nervosismo na hora de fazer a dança cigana na festa. Diferentemente de outras datas como aniversário, natal ou dia das mães, essa era uma data que fazia parte da nossa história. Tanto fazia que a gente comemorava todo dia 10 e uma das coisas que a Luciana falava, quando saiu a primeira vez do hospital, era que naquele dia a gente estava fazendo 4 anos de casado. Era bonitinho porque ela falava isso para todos do andar! Lembro do orgulho dela por estar casada comigo e do quanto a minha presença a acalmava. Acho que a convivência deixou tudo isso mais claro, mais fácil de ser entendido, mas a gente percebeu isso logo quando nos conhecemos, ainda adolescentes.


Mudando um pouco de assunto, enquanto viajávamos fomos presenteados com a maravilhosa notícia que o meu sobrinho havia nascido! A previsão do Daniel nascer era mais para o fim do mês, mas na quinta feira a bolsa da Michelle se rompeu e logo depois ela já estava no centro cirúrgico dando a luz ao nosso pequeno Daniel. Toda a nossa família está super animada com a chegada dele. Ele nasceu super bem, com 50 cm e 4.035kg e tem encantado a todos. Ontem pegando-o no colo eu lembrei de quando os meus eram recém nascidos e bateu aquela saudade gostosa de ver os olhinhos deles querendo abrir e a boca se voltando para mamar.


Bem amigos, é muito bom poder compartilhar essa notícia tão maravilhosa com vocês e é muito bom saber também que a nossa família conquistou grandes e novos amigos por aqui.


Um grande abraço e fiquem com Deus


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena


PS: Em virtude de alguns problemas que ocorreram na ultimas postagem (palavrões, ofensas..) eu decidi ativar temporariamente a moderação no blog. Assim, todo comentário, antes de ser publicado, deverá ser aprovado por mim. Após a aprovação, o mesmo aparecerá no blog

domingo, 4 de setembro de 2011

Mais uma virose para o currículo!

Oi amigos,




Desculpa a demora em postar. Esses últimos dias tem sido um pouco corridos aqui em casa. Nas últimas semanas tanto o Pedro quanto a Helena estiveram bem doentinhos. Primeiro foi uma virose que pegou o Pedro. O mesmo teve vômito, diarréia e muita febre. Foi uma febre bastante incomum, daquelas que deixam a criança prostrada. Tadinho, dava dó de ver. Esse processo durou uma semana, mas nesse meio tempo a Helena ficou doentinha também. Ela também teve vômito e diarréia, mas graças a Deus na época ela não teve febre. Até minha mãe e as meninas que me ajudam aqui em casa tiveram a mesma coisa.




Na última quinta feira eu pensei que o turbilhão havia passado completamente, mas hoje a Helena apresentou febre alta (acima de 38 graus). Agora a noite ela teve 39.3 graus e estamos naquela rotina de intercalar os antitérmicos e aplicar vários banhos.




Cheguei a sentar algumas vezes para escrever mas confesso que o cansaço acabava falando mais alto. A gente acaba dormindo pouco, pois fica naquela rotina de monitar a temperatura toda hora.




Hoje, enquanto dava banho na Helena (devia ser por volta de uma da manhã), eu pensei que a minha filha é realmente uma grande vitoriosa, pois passou por diversos reveses enquanto estava no útero e agora estava aqui , linda e perfeita! Isso de certa forma me acalmou e me encheu de esperança, pois sentia que se Deus cuidava dela enquanto ela ainda estava na barriga da Luciana, Ele também estaria cuidando dela agora.




Salmo 139:13








Pois tu formaste o meu interior; tu me teceste no seio de
minha mãe




Amigos, vou ver se consigo dormir alguma coisa até a próxima vez de medir a temperatura da Helena. Mais uma vez desculpa a demora e espero escrever melhor no próximo post.




Um grande abraço e fiquem com Deus




Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena