Oi amigos,
Hoje mudei um pouco a minha rotina de escrever o blog. Geralmente escrevo nas madrugadas, fazendo um apanhado das coisas que aconteceram e daquilo que sinto que está no meu coração. Porem hoje foi um pouco diferente. Enquanto vinha para o trabalho e via o céu nublado que está aqui em Brasília, minha mente passeava pelas recordações de um ano atrás e de tudo o que aconteceu naquele dia. Lembrava de toda a luta, de todo o esforço, de todas as orações e dos milagres que aconteceram. Graças a Deus e a tudo que foi feito ao longo desse ano, hoje posso dizer com alegria: Parabéns minha amada filha pelo seu 1 ano de vida!
O dia 25 de Fevereiro de 2010 começou bem agitado. A Luciana estava com o nível de plaquetas muito baixo e o risco de sangramento durante a cesárea era alto. Assim, naquela madrugada ela fez várias transfusões para garantir que durante o parto ela estivesse com os níveis adequados. Ela tinha também uma bomba de morfina instalada, pois vinha sentindo muitas dores no ombro, fruto de uma metástase no linfonodo supraclavicular que pressionava um feixe de nervos (o tal do plexo braquial). Existia todo um clima de ansiedade, nosso e das diversas equipes médicas. A Helena nasceu no Hospital Albert Einstein, no mesmo hospital onde a Luciana havia nascido. Ela iria nascer no dia 25, que mesmo não sendo 25 de Dezembro, também acreditávamos que um ser de luz nasceria naquele dia.
A Luciana sempre teve o sonho de ter uma menina. Ela falava de como ela iria cuidar, de como iria arrumá-la e como as duas andariam juntas. Segundo ela, a nossa filha seria uma grande companheira dela. Eu me pegava imaginando as duas juntas, andando no shopping ou brincando no parque da cidade. Um dia, estávamos em um restaurante ao lado do hospital e havia uma moça sentada na mesa ao lado. Ela não estava, digamos, sentada de uma maneira adequada e eu comentei com a Luciana que a Helena era uma menina de sorte, pois poderia aprender a “ser mulher” com a mulher que eu mais admirava. Procurávamos curtir a gravidez dentro do possível, aproveitando cada momento. Nos momentos bons saíamos, víamos coisas de decoração e planejávamos o quartinho dela. Fomos “garimpar” um lustre na rua consolação, pois a Luciana queria fazer o quartinho da Helena no estilo provençal e em São Paulo o lugar para isso é naquela rua. Fomos à feira da gestante, lá em São Paulo mesmo, e compramos um bocado de coisa. Hoje tudo isso está no quartinho da Helena, que eu tentei montar segundo a idéia que tínhamos.
Voltando ao dia 25/02/2010, no centro obstétrico uma equipe gigante esperava a Luciana. Havia naquela sala 1 broncoscopista, 2 anestesistas (a Luciana teve anestesia geral), 1 oncologista, 3 obstetras, 1 pediatra e vários enfermeiros e técnicos. Na sala ao lado, 2 pediatras e uma equipe da UTI neonatal aguardavam a Helena. Nas palavras do oncologista, que tinha mais de 20 anos de experiência, se pedissem para ele citar 3 casos que o impressionaram, com certeza aquele seria um deles. Por conta da anestesia geral, o obstetra dispunha de apenas 3 minutos para tirar a Helena. Acho que não durou 40 segundos. Às 08:14h, o nosso pequeno milagre veio ao mundo, surpreendendo a tudo e a todos. Ela logo foi levada para a sala de reanimação, onde os pediatras a entubaram e começaram todos os testes. As piores previsões logo foram sendo derrubadas. Helena teve no primeiro minuto o Apgar 5, mas logo no quinto minuto o Apagar dela foi para 9. Eu e a Tia Márcia a acompanhamos até a UTI neonatal e lá eles começaram todos os procedimentos.
Voltamos para a sala de cirurgia e os médicos estavam nos últimos cuidados com a Luciana. Houveram alguns procedimentos que tiveram que tomar para que ela pudesse ser liberada para continuar o tratamento e no inicio da tarde ela estava no quarto. Naquele dia escrevi o post “Nasceu Helena Pillar Mateus Gonçalves” e foi tudo muito emocionante. A Luciana estava um pouco zonza ainda, mas foi ela que decidiu o titulo do post. Horas depois a Luciana teria uma parada respiratória, devido ao câncer, e subiria em estado de emergência para a UTI adulta. O pior parecia acontecer mas algo no meu coração mostrava o contrário. Aquele era para ser um dia de milagres. Conversando com o médico da UTI depois, ele me falou que foi isso que aconteceu com a Luciana. Ela ter sobrevivido já era um milagre. Depois de me “expulsarem” da UTI (eu enchia a paciência de todo mundo para ficar lá), eu fui à UTI neonatal ficar com a Helena. Ainda estava com a roupa do centro cirúrgico! Chegando lá vi que a Helena estava sem o respirador e estava bem tranqüila. A enfermeira veio até a mim e com um sorriso falou: Paizinho, a sua filha está ótima e é linda! Mal conseguia segurar a emoção (ainda hoje é difícil segurar) de vê-la dentro da incubadora, toda cabeludinha, tão pequena e ao mesmo tempo tão forte. Aquele foi um dia que ficou marcado para sempre nas nossas vidas.
Meus amigos, eu teria muito mais coisa para contar sobre aquele dia, sobre tudo o que sentíamos e sonhávamos. Muita gente realmente acreditava que a Luciana não resistiria. Muita gente vinha tentando me consolar, me preparando para o pior. Mas algo no meu coração dizia que ainda não era a hora. E não foi. Mesmo que o pior tivesse acontecido quatro meses depois, a data de hoje é lembrada pelo nascimento da Helena e pela oportunidade que Deus concedeu de termos a Luciana por mais tempo aqui conosco.
Um grande abraço meus queridos amigos. Fiquem com Deus!
Woltony, Luciana (eternamente), Pedro (agora com 3 anos!) e Helena (agora com 1 aninho)