Oi amigos,
Esse provavelmente é um dos últimos posts desse blog. Por várias
vezes eu ensaiei um término, pensei em um último capítulo ou um último post.
Cheguei a pensar também em uma data significativa para isso acontecer.
Inicialmente eu a Luciana comentamos que poderia ser o nascimento da Helena.
Depois pensei que poderia ser quando a Luciana faleceu. Por último pensei que
faria sentido encerrar no dia 27 de junho deste ano, quando relembramos o um
ano da partida da Luciana. Porém, por uma série de razões, eu acabei por protelar
esse momento. Sempre me deu prazer escrever e compartilhar um pouco das nossas
vidas aqui. Esse blog era uma das paixões da Luciana e algo pelo qual ela
sempre prezou. Segundo ela mesmo falava, Deus havia colocado em seu coração a
vontade de compartilhar a experiência que ela estava passando, e eu fazia parte
desse projeto também. Esse sempre foi o espírito do blog.
Nem sempre somos compreendidos ou bem interpretados naquilo
que escrevemos e acho que isso faz parte. Porém nos últimos dias têm acontecido
algumas coisas que me deixaram muito chateados. Coisas como o comentário que
recebi abaixo:
“
Anônimo deixou um novo comentário sobre a
sua postagem "Um pouco mais maduro agora..":
Acho que esse blog tá muito abandonado. Acho que
vc está trilhando novos caminhos e definitivamente nós não somos mais
prioridade. Então, vc devia encerrar o blog. Mais digno do que deixar um
comentário por mÊs. “
Não tenho problemas em receber críticas sobre alguma posição
ou convicção minha. Muitas vezes já recebi comentários sobre pessoas criticando
a minha fé ou especulando sobre a minha vida pessoal. Confesso que isso não me
chateia. O que me deixa chateado é alguém, que nem mesmo assume a autoria do
seu comentário, achar que o blog deve ser encerrado em virtude da freqüência de
posts que são colocados e por final vir falar em dignidade e prioridades.
Esse último comentário me fez pensar na exposição que hoje
nós temos, eu e minha família. Eu sempre procurei deixar tudo sem restrição,
sem a história de ter que ser um usuário convidado para acessar o blog e só nos
últimos tempos que coloquei a moderação de comentários. Isso valia também para
o facebook, porém até lá no facebook eu já recebi alguns comentários e emails que
me deixaram muito chateados, por terem sido bem mal interpretados.
Somando tudo isso ao desejo que eu já tinha de encerrar esse
blog, por achar que ele já havia cumprido o seu papel, que tomei a decisão de escrever
os últimos posts. O de hoje é inspirado no pedido de uma grande amiga, a Mirys
(
http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com).
Ela havia pedido para algumas pessoas escreverem sobre o que elas haviam aprendido
em 2011, e inspirado por esse pedido tão especial eu resolvi dedicar esse
penúltimo post ao que eu aprendi em 2011.
Eu confesso que fico com um medo de falar sobre o que
aprendi em 2011. Fico com medo porque você precisa estar muito seguro quando
fala que aprendeu alguma coisa. Lembro que quando eu estudava para o
vestibular, a gente brincava dizendo que só havia aprendido alguma coisa se a
gente fosse capaz de explicar aquilo para qualquer pessoa. Assim, eu acho que
nesse ano de 2011 Deus permitiu que eu tivesse alguma “visões”, alguns insights
sobre várias coisas. Se eu realmente aprendi, talvez o tempo venha dizer.
Lembro de uma frase do Paulo Freire que diz mais ou menos assim: “Ninguém
ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós
ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”
Assim, acho que 2011 foi para mim o início de um
aprendizado. O início de um processo de aprendizagem. Como muitos que
acompanham a nossa história sabem, eu fiquei viúvo em Junho de 2010 e desde lá
muita coisa aconteceu na minha vida e na dos meus filhos. O ano de 2011 era
muito emblemático para mim, pois eu tinha algumas grandes metas. Eu comecei o
ano com a intenção de reformar o meu apartamento e efetivamente me mudar para a
minha casa. Queria também organizar o aniversário das crianças e o batizado da
Helena. Por último havia também o desejo de organizar as nossas vidas para
morarmos todos juntos. Aos poucos tudo isso foi acontecendo e daí talvez venha
a minha primeira grande lição de 2011.
Em 2011 eu pude ver melhor que o tempo não para, que a vida
não espera você estar pronto. Sabe aquela cena de um trem partindo da estação,
onde muitas pessoas já estão lá dentro dos seus vagões e outras estão correndo
atrás do trem? Pois é, a vida não espera.
Por mais que eu estivesse sofrendo, cabia a mim fazer um bocado de
coisas, tomar uma série de decisões. Escola do Pedro, festa de aniversário das
crianças, reforma do apartamento, vida financeira. Alguém poderia virar para
mim e dizer: “Mas poxa, essa é a vida
normal...do que você está reclamando?”. Não estou reclamando...é que o luto dá
uma preguiça danada...não dá vontade de fazer nada.
Do luto e da preguiça aprendi outra coisa. Usando o exemplo
do trem, eu muitas vezes não queria correr atrás de vagão nenhum. Queria ficar
lá parado. Mas não havia escolha, eu precisava correr atrás...e para me ajudar
nisso eu me apoiei em vários amigos. E amigos são um dos grandes tesouros que
Deus pode nos dar. Amigos que me chamavam para sair, para almoçar. Amigos que
me ligavam querendo saber como eu estava e amigos que serviam de verdadeiros
confidentes. Amigos que oraram comigo sem eu mesmo pedir e que me receberam de
braços abertos nas suas casas, com o intuito simplesmente de me dar amor e
carinho.
Não posso falar de amor e carinho sem falar em outra coisa
que aprendi em 2011, que foi a importância dos nossos familiares. Aqui estão
incluídos não só os meus familiares mas também os da Luciana, que fazem parte
também da minha família. Todos eles foram e continuam sendo instrumentos de
Deus na minha vida, pois vejo hoje de uma forma mais clara os laços de amor e
de afeto que nos unem. O amor entre nós fez com que várias barreiras fossem
quebradas e que vários laços fossem criados. Todos eles foram muitas vezes o
meu refúgio e talvez eles nem tenham percebido isso. Um almoço no domingo ou
uma pizza em uma noite chuvosa servia muitas vezes para que eu pudesse recobrar
um pouco das minhas energias. Isso sem falar no carinho que todos eles possuem
pelas crianças.
Bem, não poderia falar do que aprendi de 2011 sem falar dos
meus filhos. Eu fico totalmente sem palavras para falar deles e do amor que
hoje me inunda quando penso neles. Acho que nunca o meu lado “pai” ficou tão
aflorado como agora em 2011 e talvez isso tenha permitido a gente alcançar uma
intimidade nunca antes alcançada. O amor pelos filhos é algo totalmente sem
palavras e sem esse amor eu não conseguiria imaginar como teria sido o meu ano.
O amor por eles me conduziu e me inspirou em todos os momentos, em todas as
minhas decisões. Com eles eu me sinto mais inteiro, mais vivo. Colocá-lo para
dormir, dar banho, dar comida, chegar do trabalho e vê-los correndo para os
meus braços, poder abraçá-los, dar uma bronca e depois daquele choro todo
vê-los se aproximarem e pedirem o meu colo...nossa..é algo que só de pensar já
dá vontade de chorar! Sempre falo que meus filhos são um dos grandes presentes
de Deus para mim, e que se Ele permitiu que a Luciana partisse e eu ficasse é
porque tenho ainda um grande papel na vida deles.
Por fim, acho que 2011 foi também um ano de grande
aprendizado entre eu e Deus. Eu acho que comecei o ano magoado com Ele. Existia
ainda uma grande mágoa, que era sufocada pelo meu amor e pelo meu respeito.
Nunca falei mal de Deus, mas às vezes era doído saber que Ele havia permitido
tudo aquilo. O “porque?” era substituído por um “eu confio em Deus”, que muitas
vezes não era tão natural. Ao longo de 2011 Deus me mostrou que a sua
misericórdia era sem limites. Ele não trouxe a Luciana de volta, mas permitiu
que o meu coração fosse sendo trabalhado para eu entregá-la para Ele. Afinal,
ela nunca foi minha. Ele foi colocando no meu coração um orgulho infinito por
eu ter vivido coisas maravilhosas com uma pessoa fantástica, por eu ter vivido
um amor raro, um amor recheado de romance, paixão, cumplicidade, maturidade e
alicerçado em Jesus. E Ele também foi me mostrando e me consolando que agora a
minha realidade era outra. Foi me ajudando a fazer a transição do casado para o
viúvo. Foi curando o meu coração e me dando tranqüilidade para voltar a
acreditar nEle e no seu infinito amor, para voltar a me aproximar do seu
abraço, da sua fé e da sua palavra. E assim Ele foi me transformando até o
ponto em que estou agora, voltando a abrir o meu coração para um novo amor, uma
nova história.
Talvez tudo isso eu continue vendo no ano de 2012. Talvez eu
chegue ao final de 2012 aprendendo um pouco mais sobre esses temas. Mas só de
conseguir escrever tudo isso eu vejo que o ano de 2011 foi muito importante e
significativo na minha vida e na da minha família. Isso me faz ser grato a Deus
por esse ano que se aproxima do fim.
Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus. Antes do fim
do ano eu devo escrever os últimos posts.
Com carinho,
Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena