quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A aliança de casamento


Banho com a galerinha na banheira!

Oi amigos,

Muitas coisas aconteceram desde o último dia que postei aqui. Não falo só das coisas simples do dia a dia, que por si só já dariam um bom post, mas falo de fatos e datas que passaram e simbolizaram muito na minha vida e na das crianças.

Uma das datas importantes que passou foi o dia dos pais. Esse não foi o meu primeiro dia dos pais sem a Luciana e acho que isso acabou ajudando a suavizar um pouco a data. Não tenho como negar também que a ansiedade pelo dia das mães foi muito pior que agora, até mesmo porque eu sempre me preocupo com as crianças, com a questão do massacre de informações que elas recebem em virtude da data comemorativa. No dia das mães, cada vez que eu via um comercial falando sobre mães eu tremia ao pensar no que as crianças (em especial o Pedro) poderia estar pensando. Agora foi diferente. O que eu senti mais foi a falta da Luciana, em quanto ela poderia curtir esse momento comigo, uma vez que ela fazia questão de tornar esse dia especial. Falando do lado positivo, eu recebi muito carinho da minha família e de diversos amigos. Eu me senti muito feliz por ser lembrado por algo que hoje dá muito sentido à minha vida e que sinto que é um dos propósitos de Deus para mim, uma vez que ele permitiu que a Luciana partisse e eu ficasse. Peço a Deus que me ajude sempre a educar as crianças, tornando-as pessoas de bem e servos de Deus.

Um outro ponto que relutei muito em colocar aqui, porque talvez revele uma fragilidade minha, foi a questão da minha aliança de casamento. Algo que sempre trabalho na terapia é essa transição do casado para o viúvo, além de outras coisas. Eu sabia que um dia chegaria o momento onde eu deveria tirar a aliança, mas sempre evitei muito esse momento. Eu lembro muito bem quando a compramos e foi um momento tão marcante que a foto desse dia estava até presente no nosso convite de casamento. Ver aquela aliança na minha mão mostrava que eu havia sido casado com a mulher mais incrível que poderia existir e só a idéia de tirá-la do meu dedo me fazia tremer. Assim, eu sempre afastava essa hipótese. Porém, nos últimos tempos, comecei a me perguntar se eu estava agindo da forma com Deus gostaria que eu agisse. Sei que Ele permitiu que a Luciana fosse, mesmo que isso fosse totalmente contra a minha vontade. Comecei a pensar que eu deveria evoluir então para essa nova situação, mesmo que fosse começando com alguns sinais exteriores. Depois de “matutar” isso por algumas semanas, resolvi, durante a terapia, tirar a aliança e colocá-la junto com a aliança dela, presas numa correntinha que carrego comigo. Isso já tem mais de uma semana e tenho que confessar que ainda é muito estranho ver a minha mão esquerda sem aquela aliança que tanto brilhava e que Luciana fazia questão de repetir que ficava linda na minha mão. Sei que ainda existem várias outras coisas a serem feitas, mas acho que esse foi um passo importante para mim.

De resto, as crianças estão cada dia mais lindas! A Helena agora esta uma dançarina de primeira e esta arrasando corações no parquinho. Parece até que tem um menino (que também se chama Pedro), que fica com uma violinha fazendo serenata para ela. Vê de pode uma coisa dessas??? O Pedro também esses dias chegou falando de uma amiguinha dele. Segundo ele, essa amiguinha era a menina mais linda do mundo, depois da Helena. Depois ele veio dizendo que elas eram iguais...vê se pode?

Amigos, eu vou ficando por aqui. Obrigado por me ouvirem e por compartilharem todos esses momentos, sejam eles alegres ou não.

João 11: 25 e 26

25 Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
26 e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?

Um grande abraço e fiquem com Deus,

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Para os meus filhos



Oi amigos,


Alguns podem até estranhar porque às vezes eu demoro muito para escrever e de repente eu escrevo duas postagens na mesma semana...rsrsr. Mas o fato é que hoje eu senti muita vontade de deixar registrado algumas coisas aqui. O post de hoje é uma vontade que tenho há algum tempo e que, por uma falta de organização minha, ainda não havia começado a fazer. Acho que todos sabem que tenho dois filhos maravilhosos, dois presentes que Deus colocou em nossas vidas. E hoje em dia, à medida que eles estão crescendo, sinto uma vontade cada vez maior de registrar todos esses momentos que tornam a infância dos nossos filhos algo mágico. Assim, deixo agora uma cartinha para eles:


“Meus queridos e amados filhos,


Essa talvez é a primeira de uma série de cartinhas que quero escrever para vocês. Hoje é 5 de agosto de 2011 e vocês, Pedro e Helena, estão com 3 anos e 5 meses e 1 ano e 5 meses, respectivamente. O dia de hoje foi muito gostoso. Descemos e brincamos muito lá em baixo do bloco. É lindo ver vocês brincando na areia, correndo para um lado e para o outro. O papai fez alguns vídeos que espero que eles continuem gravados por muito e muito tempo, no acervo de fotos e vídeos de vocês.


Pedro, você hoje foi para e escola com a fantasia do Lanterna Verde! Você estava lindo meu filho...só preciso cuidar porque você está cada dia maior e vejo que a fantasia já esta pequena! Quando você chegou na escola todo mundo achou o máximo a sua fantasia.


Helena, você está começando a falar algumas palavras e está sendo lindo ver como a cada dia você aprende mais alguma coisa. É lindo ver você falando “colo” quando me vê ou então pedindo “bolo” e dando aquela risadinha ao final. Aliás, você faz uma risadinha que lembra muito a sua mãe, rindo com os olhos.


Hoje à noite eu assistia um seriado chamado House e aparecia uma cena de um bebe na incubadora. Quando o médico pegou o bebe eu lembrei muito de você minha filha e das vezes que eu ia para a UTI Neonatal ficar com você. Todo mundo falava mil e uma maravilhas de você mas eu vou ter que te contar que as enfermeiras também te chamavam de brava viu filha? Isso até virou história com o seu irmão. Ele dizia assim: A Helena é “bava”. Você sempre foi encantadora minha filha e todos adoravam ficar com você. Aliás, estar com você no colo era algo mágico.


Pedro, amanhã você terá uma apresentação na aula de música e eu tenho que te confessar filho que já estou super ansioso para ver como vai ser. Apesar de você ficar um pouco preguiçoso na hora de ir para aula, basta chegar na turma da tia Malu que você logo fica animado! Sei que você gosta muito também da hora do lanche, onde a gente senta junto com a turminha toda e você conta a história dos ratos mágicos que se transformam em pedra. Ah, não posso esquecer que você também fala que tem jogar o lixo no Zeca Latão! Essas histórias todas você aprende na aula e para mim é uma realização poder ouvi-las. Amanha vou levar a câmera para gravar a sua apresentação, pode deixar.


Antes de começar a escrever essa cartinha Helena, você deu um choro bem forte ali no seu quarto. Quando cheguei você estava um pouco agitada, mas ainda estava dormindo. Talvez tenha sido só um pesadelo. Eu logo fiz aquele barulhinho que faço quando coloco você para dormir e aí você se acalmou. Isso é um pouco comum na nossa família filha...seu irmão faz a mesma coisa..rsrsr


Quem chegou hoje foi tia Quica, a sua primeira babá filho. Ela sempre liga perguntando sobre você e veio esse fim de semana só para te ver. Viu como você é querido? Aliás, vocês dois são muito queridos por todos!


Filhos, papai ama muito vocês...de coração. Sinto esse amor cada dia maior, invadindo ainda mais os nossos corações e as nossas vidas. Sei que papai do céu também ama muito vocês.


Vou me despedir com uma frase que o Pedro tem falado para mim esses dias e que sempre me deixa emocionado. Você fala assim filho: “Papai, eu vou sempre estar ao seu lado!”. Eu queria dizer meus filhos que o papai sempre vai estar ao lado de vocês também...sempre!


Beijos e amo vocês de todo o meu coração!”


Um grande beijo meus amigos e fiquem com Deus!


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Desabafo

Oi amigos,


Uma das frases que mais ficaram marcadas durante todo o processo do tratamento da Luciana e que freqüentemente escrevíamos aqui era que estávamos aprendendo a viver um dia por vez, sem nos preocuparmos tanto com o dia de amanhã. Naquele contexto fazia todo sentido, pois cada dia era repleto de surpresas e o fato de termos um dia bom não era garantia que o dia seguinte seria do mesmo jeito. Após o falecimento da Luciana, apesar de todos os pesares e das dores inerentes ao luto, a vida voltou a colocar o seu ritmo e logo eu estava trabalhando e cuidando dos compromissos do dia a dia. Eram as coisas com as crianças, o trabalho, o dinheiro, as empregadas e tudo o mais que faz parte do nosso cotidiano. Porém é engraçado como mesmo com uma rotina, ainda me deparo com alguns momentos onde me lembro daquela frase e vejo como ela é verdadeira, independente da época. Tem horas que me sinto tão perdido que não vejo outra saída a não ser viver um dia por vez.


Tem dias que me sinto perdido em relação às crianças. Fico me perguntando se estou sendo um bom pai ou não. Fico me perguntando, numa daquelas divagações inúteis, se não teria sido melhor eu ter partido e a Luciana ficado, pois acabo achando que ela lidaria com diversas coisas melhor que eu. Tem horas que me pego com várias dúvidas e aí me falam que ser pai é isso, que isso não é exclusividade minha. Vejo muitas vezes o Pedro chorando de manha e me pego pensando que tenho que fazer a melhor coisa para ele, que preciso ser firme e ao mesmo tempo carinhoso. Coloco a Helena no colo e fico contemplando o pequeno milagre que está ali comigo e na responsabilidade e honra que Deus colocou na minha vida. Sei que me cobro muito, todo tempo e a toda hora, mas quem me conhece sabe que eu sou assim.


Tem dias que me sinto perdido em relação a Deus. Não que eu tenha deixado de acreditar no meu querido Pai e em todo o seu amor por mim, mas hoje para mim é fato que eu ainda guardo um certo ressentimento. Sinto que preciso colocar alguma coisa para fora, algo que eu não sei bem ao certo o que é mas que atrapalha o meu relacionamento com Ele. Sinto que Ele me ama tanto mas meu coração ainda está relutante. Às vezes eu acho que preciso de algo parecido com o perdão. Como se eu tivesse que perdoar Deus. Muita ousadia da minha parte né? Eu, um simples mortal, tendo que perdoar Deus, o criador do universo! Mas na minha cabeça, supondo um quadro imaginário onde fosse possível abraçar Deus, eu não sei se seria um abraço daqueles entusiasmados, tipo de dois namorados quando se encontram. Talvez fosse um abraço “com ressalvas”, tipo quando você abraça aquele amigo que te decepcionou mas aí vocês chegam à conclusão que vale a pena continuar a amizade. Sinto que até mesmo as minhas orações hoje não são mais tão fervorosas quanto antes, mas no meu íntimo eu anseio por me tornar um cristão cada dia melhor, com o coração mais entregue a Deus.


Tem dias que me sinto perdido em relação ao meu coração. Esses dias me perguntaram se eu aceitava que a Luciana havia partido e que ela não voltaria mais. Meu primeiro ímpeto foi responder que sim, que sabia que ela havia partido e que eu não poderia tê-la mais de volta. Mas aí comecei a pensar em algumas coisas que faço e vi que talvez eu ainda não tenha aceitado tão bem isso. Hoje mesmo conversava com a minha psicóloga e falávamos sobre a importância de aceitar essa transição do Woltony casado para o Woltony viúvo. Esses dias ouvi a mesma coisa de outra amiga psicóloga. Já ouvi até que sou mais casado do que muita gente casada por aí. Sei que é preciso seguir em frente, mas às vezes me confundo em como fazer isso. Nessas horas eu vejo que ainda dói muito. E que talvez eu ainda não tenha entregado a Luciana completamente para Deus. Que eu ainda reluto em muitas coisas e não consigo equacionar diversas equações no meu coração. Que a música mudou e eu preciso aprender a dançar um novo ritmo, apesar de lembrar o quão bem eu dançava a música antiga.


Tentar achar a resposta para todas essas dúvidas é algo que parece estar além das minhas forças. É como tentar ouvir um filme em inglês sendo que você ainda não saiu do nível básico. Você não sabe o que eles falam, você não está entendendo nada e ninguém aparece para te explicar. E foi daí que lembrei da frase de viver um dia por vez. E assim encontrei algo que me trouxe um pouco de conforto, pois eu falava para mim mesmo que estava fazendo o meu melhor, independente de qualquer coisa. Que apesar de toda dor eu já havia andado bastante e que muitos progressos haviam sido feitos. E que mesmo com tantas dúvidas, Deus ainda me amava e ainda estava no meu coração. E que momentos de angústia sempre vão existir, porém nos resta pedir a Deus sabedoria, paz e amor para agir da melhor forma.


Salmo 32:8


Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.


Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus!


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena