terça-feira, 29 de março de 2011

Morrer não é o fim


Eu e as crianças no aniversário da Helena


Oi amigos,


Uma vez me perguntaram como é escrever um blog, como eu escolho o assunto sobre o qual vou escrever no dia. Quando montamos o blog, a ideia era colocar o nosso dia a dia do tratamento e de todas as coisas que o envolviam. Lembro que a Luciana sempre escrevia no início, até que ela chegou e falou: Amor, hoje você vai escrever...afinal o nome do blog é Luciana e Woltony! Em vários momentos fomos criticados, principalmente pela exposição que isso causava ou por muitas vezes os nossos textos parecerem ser pesados demais. A gente até comentava que a realidade era muito mais dura do que o que estava ali escrito e que nos guiávamos pelo que o nosso coração falava na hora. Claro que muita coisa ficou de fora, porque achávamos que não valia a pena escrever, mas quando algum assunto ficava no nosso coração durante um tempo, fatalmente a gente trazia para cá.


Esse fim de semana eu estive em São Paulo, visitando alguns amigos. Foi muito rever pessoas tão queridas e poder conhecer outras que só conheço através do blog. Conversamos muito sobre a Luciana, sobre as crianças e sobre o desafio do luto e dessa nova fase. Por uma coincidência, o dia 27 de Março caiu num domingo, justamente o dia da semana em que a Luciana faleceu. Hoje estava pensando na coincidência de estar em SP num domingo onde lembramos os nove meses da partida do meu grande amor e enquanto pensava nisso fiquei sabendo que o ex-vice-presidente José Alencar havia falecido, no mesmo hospital onde a Luciana havia feito o tratamento. Ainda comovido com o falecimento dele, resolvi escrever um pouco sobre a morte.


Como sempre, não é a minha ideia fazer um tratado filosófico sobre a morte, mas sim falar um pouco sobre como hoje eu vejo a morte. Uma preocupação que eu via que as pessoas tinham comigo, especialmente os mais próximos, era se eu teria vontade de acabar com a minha própria vida, uma vez que eu e a Luciana sempre fomos muito unidos e que também falávamos que a nossa vontade era morrermos juntos, pois não conseguíamos imaginar viver um sem o outro. Eu nunca tive vontade de me matar, mas tenho que confessar que a vida perdeu muito a graça. Antigamente eu brincava com a Luciana que a minha vontade era que vivêssemos pelo menos uns 50 anos de casados e aí morrêssemos os dois bem velhinhos. Falava até que tinha o sonho de sermos um casal de velhinhos bem bonitinhos, daqueles que exalam amor e companheirismo. Hoje em dia procuro não fazer muitos planos ou pensar se vou viver muito ou pouco. Quando penso em futuro, penso mais nas crianças do que em mim mesmo.


Um outro detalhe é que a morte deixou de ter aquela conotação tão pesada. Conversava isso no sábado com uma amiga que também é viúva e que perdeu o marido (um grande amigo meu) há 5 anos. Não que a gente ache que a morte é algo bom, mas encaramos com mais naturalidade quando alguém morre. Esses dias eu fui ao cemitério aqui de Brasília e prestei atenção na quantidade de pessoas que faleceram após a Luciana. Fiz uma conta bem “no chute” e deveria ter mais de 500 pessoas entre jovens, crianças, idosos, vítimas de acidente ou mesmo alguma enfermidade. Mais de 500 histórias diferentes, cada uma com sonhos, lutas, alegrias e tristezas. Ali, naquele lugar, a gente não procura comparar se uma dor é maior que a outra, mas nos solidarizamos com quem fica, com quem agora chora e sente saudade.


Esses dias eu ouvi algo muito interessante. A pessoa falava que ninguém aceitaria correr uma maratona se não soubesse que a mesma teria um fim. Ninguém aceitaria correr quilômetros e mais quilômetros se não tivesse a expectativa quem um dia cruzaria a linha de chegada. E o que hoje nos dá esperança é saber que essa linha de chegada não está aqui, não se chama morte mas se chama vida eterna. Como falava aquele vídeo do Zac Smith que eu coloquei em um dos últimos posts, tenho certeza que agora a Luciana está curada. Que o que tanto oramos finalmente se concretizou e que ela está sendo muito mais bem cuidada agora. Sem falar tanto em convicções religiosas, sei e sinto que ela está bem e que de alguma forma estamos unidos, independente da distância.


Falando um pouco das crianças, a Helena hoje começou a andar sozinha! Estamos todos muito felizes e muito animados! Ela já esta com 6 dentinhos e a cada dia está mais espertinha. O Pedro tem se desenvolvido super bem e está melhorando a adaptação na nova turminha na escola. Hoje conversei com a professora e a mesma falou que ele é uma criança ótima, em alguns momentos um pouco tímido, e que é muito esperto e colaborativo.


Amigos, desculpa se o tema principal do post hoje foi um pouco pesado, mas realmente a morte do Jose Alencar me tocou profundamente. Chegamos a encontrar com ele duas vezes lá no hospital e em uma delas ele conversou com a Luciana.


Antes de me despedir, gostaria de deixar uma frase que li esses dias sobre a morte:


A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace (Victor Hugo)



Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus!


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

quinta-feira, 24 de março de 2011

Algumas recordações


Helena na loja que a Luciana mais gostava. Acho até que ela queria levar esse sapato!



Oi amigos,


Essa semana eu tive a oportunidade de conhecer e conversar com alguns amigos que conheceram o blog, em tempos diferentes, e que nos acompanharam, que torceram pela Luciana, pela Helena e por todos nós. Pessoas que mesmo sem nos conhecer pessoalmente, se sensibilizaram com a história da Luciana, por ver uma menina tão jovem lutar bravamente contra um câncer, defendendo a sua própria vida, a vida da sua filha e tudo mais que a cercava.

Na época, escrever o blog era muito diferente. Lembro de quando a Luciana chegou para mim e disse: “Amor, eu sinto que Deus quer que eu compartilhe essa história com mais pessoas. Você me ajuda a escrever um blog?”. No outro dia, quando acordei, ela já estava “fuçando” na Internet e toda animada me mostrava o layout que tinha escolhido. O nome? Bem, o nome era o mais óbvio para a gente. Tudo nosso sempre foi lucianaewoltony. Além de ser uma coisa única (quem mais tem esse nome..rsrsrs) era algo que a gente sentia que resumia bem o que sempre fomos. Sabe aquela coisa da gente andar sozinho pela rua e as pessoas perguntarem para mim “Mas cadê a Luciana?” ou para ela “Mas cadê o Woltony?”. Era tão bonitinho vê-la escrevendo! Luciana sempre escreveu muito bem e digitava muito rápido também. Ela morria de rir porque enquanto ela escrevia em alguns minutos, eu muitas vezes levava quase uma hora para escrever. Ela sempre revisava o que eu escrevia e vice-versa.

Na primeira vez que ela ficou internada em SP, ela pegava o notebook e passava horas comentando sobre cada mensagem escrita. Lembro como se fosse hoje ela sentada na cama, “plugada” na bomba de infusão enquanto tomava quimioterapia. Quando chegava algum médico que ela não queria muito falar, ela ficava olhando para o computador e simplesmente ignorava que o médico estava lá! Pode até parecer um pouco de falta de educação, mas nessa primeira vez que ela se internou isso acontecia quando viam falar da gravidez. O oncologista e o obstetra do hospital (que não foi o que a tratou depois) procuravam falar dos riscos que existiam e que ela se preparasse para tomar qualquer tipo de decisão. Era até engraçado porque ela fingia que eles não existiam! Ela olhava para mim com uma cara de “eu não agüento mais esses caras” e pedia para eu ver tudo com eles. Quando ficávamos sozinhos ela confidenciava o que lhe angustiava e juntos pedíamos a Deus para mostrar qual era a sua vontade. Definitivamente o aborto nunca esteve nos nossos planos. Segundo ela mesmo falava, Deus não a deixaria ficar grávida para depois realizar um aborto.

Aqueles momentos foram bem marcantes e na minha cabeça foram apenas uma pequena amostra de tudo o que viria acontecer. Chegou um momento em que tínhamos até saudade daqueles primeiros tempos, onde conseguíamos controlar vários sintomas apenas com remédio e podíamos fazer alguns passeios sem depender tanto da estrutura do hospital. Eu converso até hoje com algumas pessoas que estiveram conosco lá em São Paulo e eu sempre comento que vários dos nossos melhores momentos aconteceram durante o nosso pior momento. Lembro até hoje quando ela raspou a minha cabeça e tiramos aquelas fotos, nós dois carequinhas...rsrsrs. Eu queria tanto ficar igual ela e também queria que o Pedro não achasse estranho ela estar sem cabelo, afinal de contas tanto eu quanto ela estaríamos carecas. Ele achou o máximo aquela história de estarmos sem cabelo! Quando ela saía, ele logo apontava para a peruca e falava: “Mamãe, a peúca!” Ela se acabava de rir e dizia: “Filho, você me coloca em cada uma!”

Uma vez perguntaram aqui no blog como é chegar em casa e ver as coisas da Luciana. Algumas coisas foram dadas, outras guardadas e outras ainda estão pela casa. A Luciana não chegou a ver o apartamento depois que a mudança foi feita, então as coisas estão em lugares que não eram os nossos. Acho que se estivesse no antigo apartamento tudo seria ainda muito mais doloroso, mas como a nossa história não foi feita nessa nova casa, as recordações muitas vezes são confusas. Eu esses dias vi as perucas que ela usava, vi os lenços que compramos lá no hospital e um outro lenço que eu comprei e ela nunca chegou a usar. Domingo eu estava no shopping com a Helena, com o Pedro e com os meus pais e por coincidência fomos à loja que ela mais gostava. Eu não me recordava de nenhuma das vendedoras mas uma delas se aproximou e falou que se lembrava de mim, inclusive do dia quando eu comprei o lenço (aquele que nunca foi usado). Pensei na ironia de estar ali agora com a minha filha, sem ao menos poder levar uma lembrança para a Luciana.

Apesar de tudo isso ser pesaroso, hoje as recordações não são tão doloridas quanto antes. A saudade ainda existe e é forte e a solidão ainda me coloca de joelhos, mas a lembrança do que vivemos, as coisas que Deus tem feito por mim e pelos meus filhos me dão um novo ânimo para continuar. A ferida não desparece, mas a gente aprende a conviver com ela.

Amigos, antes de me despedir gostaria de deixar um trechinho da bíblia que está no Salmo 33: 20-22

Nossa alma espera no SENHOR, nosso auxílio e escudo

Nele, o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome

Seja sobre nós, SENHOR, a tua misericórdia, como de ti esperamos



Do fundo do coração desejo que Deus abençoe cada caminho de vocês! Obrigado por todo o apoio e carinho que sempre nos deram.

Um grande abraço,

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

sexta-feira, 18 de março de 2011

Deus ainda é Deus e Deus ainda é bom. A Deus toda a glória.

Oi amigos,

Nos últimos tempos têm acontecido várias coisas na minha vida e na das crianças. Coisas novas, pessoas e situações novas que me fazem parar e pensar no significado de tudo isso, das coisas que aconteceram na minha família e em como viver agora, sendo que somos uma família com 3 pessoas aqui na terra e uma no céu.

Minha maior preocupação hoje em dia é com as crianças. Tenho procurado dar toda a segurança possível para elas, segurança que sei que será muito importante para todo o desenvolvimento delas. Eu e a Luciana sempre estávamos em acordo sobre o tipo de educação e valores que gostaríamos de transmitir e isso tem sido o meu guia toda vez que estou com eles. Eu sempre admirei a Luciana em várias coisas, mas algo que era recorrente eram os seus valores, o seu senso de justiça e a forma correta de viver a vida. Inúmeras vezes conversávamos sobre como poderíamos educá-los, sobre como poderíamos ser pais, amigos e educadores. Como falei, tudo isso serve de inspiração para mim com os pequenos.

No último post eu havia comentado que eles estavam meio doentinhos mas hoje, graças a Deus, eles estão melhores. A Helena já apresenta o seu quinto dentinho e tenho achado ela cada vez mais parecida com a Luciana. É tão lindo ver os seus olhinhos descobrindo o mundo! O Pedro tem se desenvolvido de uma forma espantável. As colocações que ele faz, as palavras novas que ele aprende e a forma carinhosa com que ele fica comigo são coisas que aquecem o meu coração de pai. Esses dias ele acordou de noite e começou a chorar querendo ir para a minha cama. Enquanto eu procurava acalmá-lo e explicar que ele teria que ficar na cama dele, ele começava a chorar e fazer o seu charme. Isso foi até a hora que eu saí do quarto e ele começou a chorar, porém agora falando “Eu quero a minha mamãe...”. Aquilo me cortou o coração, pois pensei que naquela hora ele estava precisando mais do carinho e do colo de mãe do que da educação e dos limites do pai. Eu entrei novamente no quarto, coloquei ele no meu colo e o levei para o meu quarto. Antes mesmo de deitá-lo, ele já adormecia nos meus braços. Assim, ele dormiu calmamente até as nove horas da manhã.

Falando agora um pouquinho sobre mim, por mais que eu saiba que hoje sou viúvo, ainda é um processo aprender a viver como viúvo. Viver sabendo que a minha esposa não está aqui porém que o meu amor por ela ainda está tão vivo e latente é algo muitas vezes difícil de conciliar. Existem coisas que no início me deixavam muito confuso, mas que após várias consultas e conversas com a minha psicóloga e com alguns amigos, me fizeram ver que tudo aquilo era normal. Uma dessas coisas é a carência, a falta de ter alguém para compartilhar as principais notícias e aquelas que nem são tão importantes. A falta de uma companhia para ligar no meio do dia ou mesmo procurar algum lugar 24 horas para conversar até o meio da madrugada. Alguém que olhe para você com carinho e que diga que aquela música que acabou de tocar no rádio a fez lembrar de você. Eu não estou falando de arrumar uma outra pessoa ou de estar aberto para um novo relacionamento. Estou falando de sentir falta de tudo isso, de tudo que foi tão presente na minha vida por 17 anos. De cuidar e de ser cuidado. De comprar flores e levar para casa. De deixar recados no espelho do banheiro. De preparar um jantar especial em um dia qualquer da semana. De ver uma roupa e pensar em como aquela roupa ficaria linda no seu corpo. De colocar para dormir enquanto assistíamos a um DVD ou mesmo de dirigir o carro enquanto ela dorme calmamente ao meu lado.

No meio de tantas faltas, de tantas carências e saudade, vi que também o meu coração estava com uma outra grande ausência. Algo que outrora fora tão forte mas que agora estava morno. E isso era a minha fé. Alguns vídeos que recebi essa semana me fizeram reanimar, me fizerem olhar para Deus e agradecer pelo que eu sou e pelo que eu tenho. Esses vídeos são as histórias de Zac Smith, Nick Vujicic e de Jeremy Camp. Assim como eles existem vários outros casos, porém ver a história de pessoas que procuraram andar com Deus em todos as horas me faz lembrar de todos os meus momentos com Ele e do quanto Ele foi, e continua sendo bom e misericordioso comigo. Algo que sempre me orgulho em dizer foi que o câncer pode ter levado a minha amada esposa, mas ele não levou a nossa fé, ele não nos separou daquele que sempre nos amou em todos os momentos! A Luciana até o último momento olhou para Deus, olhou para Cristo e sei que onde quer que ela esteja ela gostaria que eu fizesse o mesmo.

Zac Smith
Parte 01
http://www.youtube.com/watch?v=C0aDIH-6rbE
Parte 02
http://www.youtube.com/watch?v=hJ99TQ5JiCg


Jeremy Camp
Depoimento
http://www.youtube.com/watch?v=uHf5Wa1y_84
Musica
http://www.youtube.com/watch?v=-bm96ZXV-os&feature=related


Nick Vujicic
http://www.youtube.com/watch?v=et9hV3TmpRE


Porque estou falando isso em um post onde falo do meu coração e das minhas carências? Simplesmente pelo fato que vejo que Deus me apresentou uma nova fase, uma nova vida. Uma vida agora sem o meu grande amor, sem aquela por quem o meu coração ainda bate, mas uma vida onde ainda tenho carências e onde eu devo continuar andando com Ele em todos os passos. Uma vida onde ainda posso servi-Lo e glorificá-Lo. Essa sempre foi a nossa vontade e mesmo agora sozinho, ainda desejo que a minha família continue glorificando a Deus.

Hoje sinto, de coração, que a Luciana foi curada. Que a sua morte foi algo que Deus permitiu que acontecesse mas que isso não significou que Ele nos abandonou. Que ela hoje está sendo mais bem cuidada do que aqui. E que eu, como seu marido e pai dos seus filhos, devo continuar a viver a vida, da melhor forma possível, servindo a Deus em todos os momentos e passando esses valores para as crianças. Deus já sabia que eu, com 33 anos, seria viúvo e com 2 filhos pequenos. Mas sei que Ele está comigo.

Deus permitiu que a Luciana fosse, mas Deus ainda é Deus e Deus ainda é bom. A Deus toda a glória.

Um grande abraço e fiquem com Deus!

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

terça-feira, 15 de março de 2011

Parabéns Luana!

Oi amigos,

O post de hoje começa com uma homenagem. Hoje é aniversário de uma moça muito especial, daquelas que moram em um lugar mais do que querido no coração. Só para vocês terem uma idéia, eu a conheço desde que ela tinha 13 anos e lutava com as aulas de matemática e desenho geométrico. Algum tempo depois, enquanto a Luciana e o Juliano faziam intercambio nos EUA, aqui no Brasil nós tínhamos aula particular praticamente todo o dia, numa reta final das últimas provas. Lembro até hoje da Tia Márcia me ligar dizendo que ela tinha tirado 10 nas provas e que a família toda estava muito feliz e agradecida. Por isso e por tantas outras coisas minha querida cunhada é que eu desejo toda a felicidade do mundo e que o nosso bom Deus continue sempre te iluminando. Parabéns Luaninha pelo seu aniversário!

A Luana sempre foi uma pessoa muito presente na nossa vida. Ela sempre admirou muito a Luciana e era a Luciana que sempre a defendia, seja em casa ou na rua. A nossa relação sempre foi ótima e ela brinca até hoje dizendo que não fazia fofoca da Luciana em consideração a mim. Talvez eu hoje seja uma das pessoas em quem ela mais confie, até porque a nossa amizade foi sendo construída ao longo do tempo, sendo fruto de muitas conversas. A Luana sempre adorava sair conosco e nas viagens que fazíamos ela logo procurava ficar ao nosso lado. Era bonitinho porque ela não se incomodava de ficar “segurando vela”.... ela queria mesmo era estar ao nosso lado e curtir os momentos conosco.

Durante todo o tratamento da Luciana ela sempre foi uma das pessoas mais presentes. Toda vez que tínhamos que ficar em São Paulo internados, ela era sempre a primeira a ir para revezar comigo, para ficar com a Luciana enquanto eu ia tomar um banho no hotel ou mesmo dormir um pouco. Uma das lembranças mais fortes que tenho do dia que a Luciana faleceu é justamente do choro da Luana, do desespero em que ela ficou. Eu até tentei consolá-la mas não tinha forças. Não naquele dia.

Hoje em dia a nossa amizade talvez tenha ficado mais forte ainda, sendo que ela é uma das minhas principais companhias e, junto com a minha irmã, uma das pessoas que me sinto a vontade de me abrir. A Luciana sempre teve muito orgulho da Luana e sempre pediu que eu estivesse perto dela, ajudando ou aconselhando. E é isso que eu tento fazer.

Falando agora um pouquinho das crianças, tanto o Pedro quando a Helena estão um pouco doentinhos esses dias. O Pedrinho está com uma infecção intestinal e no primeiro dia ficou bem abatidinho, mas graças a Deus o estado geral dele melhorou logo. Apesar dele ainda estar com diarréia, ele tem estado muito ativo, muito falante e muito comilão também! A Helena estava com uma virose e tomou aquela vacina tetravalente. Achamos que ela acabou desenvolvendo uma reação à vacina, pois ficou com o corpo bem vermelhinho e também apresentou febre praticamente ao longo da semana. Ela continua linda e sorridente, distribuindo sorrisos e sendo sempre simpática. O bonitinho agora é ela fazendo birra....rsrs....precisa ver como ela reclama quando não a colocam no chão! Amanhã eu devo pegar as fotos do aniversario deles e assim que der eu coloco algumas aqui no blog.

Gostaria também de escrever algumas outras coisas que tem ficado no meu coração, principalmente sobre a viuvez, sobre a saudade e sobre como fica o nosso coração no meio de tantos sentimentos confusos e de tantas carências, mas talvez eu precise amadurecer mais e dedicar um post só para isso.

Fazia tempo que eu não colocava um versículo por aqui mas hoje eu gostaria de terminar o post com esse versículo que está no livro de Apocalipse, no livro 21

Ap. 21: 4-5

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram
E aquele que
está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E
acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras


Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus! Que o nosso bom Deus continue sempre abençoando a vida de todos! Aproveito também e peço orações para a pequena Ana Luiza (http://vidanormal.blogspot.com) que junto com a sua família vem lutando contra uma forma de câncer muito agressiva (rabdomiossarcoma). Tive a oportunidade de trocar email com a família e me sinto muito tocado também a engrossar essa corrente de orações e de amor em prol deles.

Mais uma vez um grande abraço meus amigos! Fiquem com Deus!

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

quarta-feira, 9 de março de 2011

Depois do carnaval...

Oi amigos,

Mais uma data passou e a rotina vai sendo retomada aos pouquinhos. Por mais que o carnaval não remeta a tristeza, a gente sempre se pergunta em como será aquela data longe do seu amor. Porque afinal, a gente se vê obrigado a passar por todos os momentos sem a companhia da nossa alma gêmea, sejam eles momentos bons ou ruins.


A Luciana sempre foi uma menina muito alegre! Quem a conhecia sempre se lembra dela com um sorriso lindo e empolgante, daqueles de chamar a atenção no meio da multidão. Quando penso em carnaval e na Luciana, dois episódios são realmente merecedores de destaque. Um deles foi quando ainda estávamos noivos e ela foi curtir o carnaval em salvador. Ela foi com algumas amigas e aproveitaram bastante por lá. Claro que sempre surgiam aquelas piadinhas do tipo: “Você tá louco! Vai deixar ela ir sozinha para salvador no carnaval?”. Por mais que eu soubesse do “assédio”, sempre confiamos muito um no outro e isso sempre foi a nossa premissa básica. Lembro também que um dia eu estava muito angustiado e de repente quis ligar para ela, para saber como ela estava. Naquele momento ela tinha acabado de chegar ao hospital porque havia tido uma alergia a algo que ela comeu. As nossas amigas falaram que ela estava sentindo muita falta de ar e aí rapidamente a levaram para o pronto socorro. Graças a Deus ficou tudo bem,mas hoje eu fico pensando nessa conexão que tínhamos, que mesmo a distância “sentíamos” como o outro estava.


O outro episódio de carnaval que lembro foi quando desfilamos no carnaval do Rio, no ano de 2007. A Luciana, toda empolgada, falou que queria desfilar e aí fomos atrás de comprar fantasias e tudo mais. Desfilamos na Estácio de Sá, pois era a primeira escola a desfilar e em seguida iríamos para a arquibancada, assistir o restante do desfile. Lembro direitinho dela me mostrando a fantasia! Ela conseguiu, no meio de inúmeras fantasias, escolher aquela que era a mais rosa choque de todas! Ela chegou e falou ainda: Você não se incomoda né meu amor? Realmente se eu tivesse que escolher, aquela não seria a primeira opção...mas fazer o que né? Em suma, foi ótimo todo o desfile, a emoção de desfilar na avenida, sentir o som da bateria e ter o meu amor ali, ao meu lado, toda alegre e sorrindo, foram coisas indescritíveis. Só teve um detalhe...naquele ano a Estácio de Sá foi a última colocada e foi rebaixada...rsrs...porque será?


Esse ano, eu preferi fazer uma viagem a ficar aqui em Brasília. A idéia era fazer uma viagem com o Pedro e com a Helena...seria a nossa primeira viagem juntos! Infelizmente a Helena ficou doentinha e achamos por bem ela não ir...mas espero em breve fazer isso! Na sexta feira fomos para Fortaleza e regressamos ontem, terça feira. Sempre que vamos para lá, ficamos na casa da minha tia, o que permite que tenhamos sempre bons momentos em família.


Como a viagem foi confirmada em cima da hora, não consegui nem colocar aqui no blog que eu viajaria. Mesmo assim, tive a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas em Fortaleza, amigos (e sei que posso chamar assim) que acompanharam e torceram muito pela Luciana, e que agora continuam com o mesmo carinho apoiando a nossa família. Mesmo não colocando nomes, eu gostaria de agradecer a cada um que tive a oportunidade de conhecer, de abraçar ou mesmo de apertar a mão, por todo o carinho e pelo simples fato de muitas vezes terem pensado em nós, desejando que o melhor aconteça.


Nesse carnaval então houve várias lembranças...várias mesmo! Algumas mais doloridas, outras nem tanto. No somatório final, o resultado foi aquela saudade das coisas boas que já foram, aquele gostinho de ter vivido coisas únicas e que infelizmente não voltam mais. Se isso é bom ou ruim, eu não sei. Só sei que talvez seja o que nos resta a fazer. Como eu li em um livro que falava sobre luto: ter mais lembranças não significa necessariamente que você não está bem. Às vezes são tantas lembranças boas que quem olha de fora acha que já estamos ótimos! De qualquer jeito, talvez tudo isso faça parte daquilo que chamamos de “a vida continua”.


Um grande abraço meus amigos e fiquem com Deus!


Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena

quarta-feira, 2 de março de 2011

Agradecimentos




Oi amigos,


Esses últimos dias foram repletos de eventos e sensações diferentes. Com o aniversário da Helena, um ciclo muito importante se completou. O mais importante de tudo foi ela ter completado um aninho com muita saúde e com aquele sorriso cativante que ela tem. No que tange a mim, foram alguns projetos que chegaram ao fim e que me deixam agora com aquela sensação de missão cumprida. Hoje posso ver que estamos na casa nova, conseguimos fazer o aniversário do Pedro e também o aniversário da Helena.



Eu pensei em escrever várias coisas para o post de hoje mas queria falar um pouco sobre a sensação de gratidão que está no meu coração. Tenho agradecido a Deus por todas essas últimas coisas que tem acontecido e vejo que não conseguiria fazer nenhuma delas sem a ajuda dEle. Não consigo dizer que hoje estou melhor do que antes. Quando olho para trás e vejo a minha vida com a Luciana, lembro com muita saudade de tudo o que vivemos e sinto muita falta...mas muita falta mesmo...de tê-la ao meu lado. Tem horas que o peso do dia a dia é maior do que eu consigo suportar e viver acaba sendo algo cansativo, mas mesmo nessas horas penso que já passei por coisas piores e que é preciso continuar, pois as crianças precisam de mim, os meus familiares precisam que eu esteja bem e além do mais, a Luciana gostaria que eu estivesse bem.



Tenho me sentido muito grato por ter dois filhos lindos. Quando olho para eles eu me sinto muito feliz como pai e quando vejo o quanto eles gostam de mim essa alegria triplica! Pensar que mesmo durante esse caos todo eles estão bem, lindos e saudáveis. O Pedro volta e meia pergunta sobre a Luciana, mas nunca são perguntas tristes ou melancólicas. Ele sempre fala que agora ela está com o Papai do céu e que ela é linda. Eu sempre falava (e ele repetia): a mamãe é gata! E até hoje ele fala isso. Talvez esse ano surjam alguns outros questionamentos e sei que Deus colocará as coisas da forma certa no seu coraçãozinho. A Helena ainda é muito pequena e sei que agora esta numa fase de construir as suas relações familiares. Ao mesmo tempo em que será doloroso, será uma honra pode falar para a Helena da mãe que ela teve.



Tenho me sentido muito grato também por ver como ficou o apartamento, a festa do Pedro e a festa da Helena e constatar que ficou tudo muito bom! Lembro de chegar nas lojas de decoração de festas e as pessoas ficarem com aquele ar de indagação, meio que esperando alguém chegar para me ajudar. Tentei me cercar de bons profissionais e aos pouquinhos as coisas foram se ajeitando. Agradeço também a cada um deles. Com o tempo eu comecei a aprender com a Luciana algumas coisas e tínhamos o nosso estilo. Foi com isso que tentei montar cada cômodo lá de casa e cada detalhe das festas. Depois eu coloco algumas fotos para mostrar para vocês!



Também tenho me sentido grato pelos meus familiares e amigos. E isso inclui cada um de vocês! De formas diferentes, cada um que me ajudou ou ajudou os meus filhos contribuiu para que eu pudesse estar aqui hoje. Eu nem tenho palavras também para agradecer aos meus pais, aos meus sogros, à minha irmã e aos meus cunhados. Sem eles seria tudo muito mais difícil e foram eles que inúmeras vezes me apoiaram e me sustentaram!



Muita gente me pergunta se eu fiquei revoltado com Deus depois que a Luciana faleceu e sinceramente acho que não fiquei. Nunca fui de fazer perguntas do tipo “Porque eu?!”...acho que inconscientemente eu sabia que não acharia a resposta. Eu me questiono quando penso nas crianças, no fato delas não terem a Luciana por perto e também me chateio (talvez nesse ponto eu me revolte) quando me lembro do tanto que ela sofreu. Ainda tenho muitas coisas a serem trabalhada com Deus nesse sentido, mas tem horas que penso que eu não gostaria que ela tivesse ficado e eu tivesse partido. Não por mim, mas por ela....não me agrada imaginar o tanto que ela sofreria, ainda mais quando penso no tanto que nós sempre fomos unidos, no tanto que nós sempre nos amamos. Eu acho que onde quer que ela esteja, ela está mais bem amparada do que eu aqui. E ainda bem que é assim.



Queria colocar um poema que li esses dias e que gostaria de compartilhar com vocês!


Eu carrego você comigo.. (Poema de E.E. Cummings)


Carrego seu coração comigo
Eu carrego no meu coração
Nunca estou sem ele

Onde quer que vá, você vai comigo
E o que quer que faça
Eu faço
por você

Não temo meu destino
Você é meu destino meu doce
Eu não
quero o mundo por mais belo que seja

Você é meu mundo, minha verdade.
Eis o grande segredo que ninguém sabe.

Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto e o céu do céu
De uma árvore chamada VIDA
Que
cresce mais que a alma pode esperar ou a mente pode esconder
E esse é o
pródigo que mantém as estrelas á distancia

Eu carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração

.



Um grande abraço meus amigos. Fiquem com Deus!

Woltony, Luciana (eternamente), Pedro e Helena